Nota de posicionamento sobre óbitos de paciente e médico no Piauí

A Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente, SOBRASP, vem a público manifestar-se sobre a morte do cirurgião pediátrico Dr. Eduardo Guimarães Melo, aos 50 anos, no dia 29 de junho, em Teresina. Servidor da Secretaria de Estado da Saúde do Piauí, lotado no Hospital Infantil Lucídio Portella (Hilp), o médico foi preceptor da Residência de Cirurgia Pediátrica e Diretor Técnico Assistencial do Hilp. Também cooperou com o Sistema Unimed Teresina por 12 anos.

A morte do profissional aconteceu um dia após a divulgação, por um veículo de comunicação, de que Eduardo Guimarães teria sido indiciado por homicídio culposo de uma menina de seis anos, que faleceu após complicações depois de procedimento cirúrgico num hospital privado de Teresina, em 16 de fevereiro deste ano.

Esse triste episódio traz a urgência do debate público sobre a abordagem dos Serviços de Saúde por ocasião de danos relacionados à assistência, e sobre a abordagem do Direito, no Brasil, ainda fundamentada na culpabilização do profissional de saúde. Precisamos mudar a pergunta “Quem é o responsável pelo evento adverso?” para “Como aconteceu?” e “Por que aconteceu?”.

Os dois óbitos levantam, também, a necessidade de uma discussão sobre a ética dos meios de comunicação na divulgação dos incidentes em saúde - ou, como infelizmente ainda está consagrado na imprensa - dos “erros médicos”.

Todos esses sistemas e relações precisam ser revistos, o que só acontece com união, diálogo, educação, ações concretas e legislação revista e ampliada. Do contrário, continuaremos a ler, todos os dias, notícias sobre tragédias que poderiam ser evitadas.

A SOBRASP se solidariza com a família da criança.

A SOBRASP se solidariza com a família do médico.

Todos são vítimas.