Infecções hospitalares em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) para adultos após a pandemia COVID-19 estão aumentando no Brasil, segundo o mais recente Boletim Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde publicado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Dados de 2019 (pré-pandemia) comparados ao ano de 2021 mostram que a incidência de infecções de corrente sanguínea associadas ao uso de cateter venoso central nos pacientes aumentou 30% (de 3,9/1.000 CVC-dia para 5,2/1.000 CVC-dia), assim como a pneumonia decorrente de ventilação mecânica cresceu 20% (de 16,4/1.000 VM-dia para 19,7/1.000 VM-dia).
Ao mesmo tempo, uma média de apenas 40% das unidades de saúde em todo o Brasil atingiu a meta de consumo da preparação alcóolica para higiene das mãos, que é de 20ml por paciente/dia, de acordo com relatório publicado em 2022 pela Anvisa, com dados de UTIs brasileiras de 2013 a 2019. “Ou seja, profissionais de 60% dos nossos serviços de saúde ainda deixam de realizar a higiene das mãos antes e depois de manusear o paciente, por exemplo”, comenta a Dra. Claudia Vidal, médica do Serviço de Infectologia do HC/UFPE-EBSERH e diretora científica da SOBRASP, Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente.
Neste 15 de maio, Dia Nacional do Controle das Infecções Hospitalares, a SOBRASP chama atenção de profissionais, gestores e lideranças em saúde, e da população em geral, para a existência de medidas comprovadamente eficazes no controle dessas infecções e para a necessidade de serem adotadas nos serviços de saúde com um todo, por todos os envolvidos.
Para pacientes e familiares, Dra. Claudia Vidal orienta:
1- Lavar as mãos antes de se alimentar, após usar ao banheiro e tocar em objetos ao redor;
2- Evitar tocar o cateter onde são administrados soro e medicamentos;
3- Observar se os profissionais de saúde esfregam álcool gel nas mãos ou lavam as mãos antes de tocar no paciente, administrar medicamentos e de colocar as luvas para realização de procedimentos como: punção de veia, administração de medicamentos, inserção de sonda para drenar urina, aspiração de secreções respiratórias, troca de curativos, entre outros;
4 - Evitar receber visitas de familiares e amigos que estejam com alguma infecção respiratória, como gripe, Covid-19 ou qualquer outra infecção;
5 – Evitar se alimentar com alimentos trazidos de fora do hospital por familiares e acompanhantes;
6 - Por fim, solicitar à equipe do hospital orientações sobre como colaborar para evitar infecções.
“Todas essas dicas servem para pacientes e familiares/cuidadores em qualquer serviço de saúde, não apenas em hospitais. As infecções podem ocorrer em unidades de hemodiálise, unidades de oncologia, durante a atenção domiciliar (home care), nos postos de saúde, nas policlínicas, ambulatórios, entre outros”, destaca a diretora da
SOBRASP.
De acordo com a Dra. Claudia Vidal, os dados brasileiros e mundiais ainda apontam para o impacto “incalculável” das infecções hospitalares associadas à resistência antimicrobiana na vida das pessoas: “As mortes aumentam de duas a três vezes quando as infecções são resistentes aos antimicrobianos”.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, de cada 100 pacientes em hospitais para cuidados intensivos, 15 pacientes em países de baixa e média renda vão adquirir ao menos uma infecção associada à atenção à saúde durante sua internação hospitalar. Em média, um em cada dez pacientes afetados morrerá por este motivo. Mais de 24% dos pacientes afetados por sepse nos serviços de saúde e 52,3% dos pacientes tratados em UTIs morrem a cada ano, em todo o mundo, de acordo com relatório da OMS (2022). #
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Press release: Dedicata Comunica
Revisão: Claudia Fernanda Lacerda Vidal
Com dados pesquisados por: Ana Maria Viegas Tristão e Patrícia Mitsue Saruhashi Shimbakuro
REFERÊNCIAS
1. ASSOCIAÇÃO HOSPITALAR MOINHOS DE VENTO. Segurança do Paciente na Atenção Primária à Saúde: Teoria e Prática Tiago Chagas Dalcin, Carmen Giacobbo Daudt … [et al.,]. – Associação Hospitalar Moinhos de Vento: Porto Alegre, 2020.
2. BRASIL. Biblioteca Virtual em Saúde. Ministério da Saúde. 15/5: Dia Nacional do Controle das Infecções Hospitalares. Disponível em:
3/#:~:text=15%2F5%3A%20Dia%20Nacional%20do,Biblioteca%20Virtual%20em%20Sa%C3%BAde%20MS>.
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Relatório Nacional de Análise do Consumo de Preparação Alcoólica para Higiene das Mãos em Unidades de Terapia Intensiva de Serviços de Saúde do Brasil (2013 a 2019). Brasília, 15 de março de 2022.
4. BRASIL. Ministério da Saúde. FIOCRUZ. PROQUALIS. Segurança do paciente na anestesia: higiene das mãos e controle de infecções perioperatórias. Disponível em: .
5. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. Brasília: Anvisa, 2017.
6. OPAS. Organização Pan-Americana de Saúde. Dia Mundial de Higiene das Mãos 2023. Disponível em: .
7. APECIH. Associação Paulista de Estudos em Controle de Infecção Hospitalar. Prevenção e controle de infecções associada à assistência extra hospitalar. São Paulo. 2018.
8. World Health Organization. Global report on infection prevention and control, 2022.
https://www.who.int/publications/i/item/9789240051164