Governança eficaz e saúde digital: interdependência essencial para superar desafios complexos

 13/09/2024

Por Paola Andreoli*

Pressões do mercado, transições epidemiológicas, impacto das mudanças climáticas… Os desafios da governança no setor da saúde são muitos e complexos, e o cenário se agrava, no Brasil, pela falta de dados confiáveis e atuais que orientem planejamentos e ações. Como conseguimos chegar até aqui apenas olhando pelo retrovisor, coletando informações do passado para decidir sobre o futuro? Difícil responder. O que sabemos é que a conta não está fechando para ninguém e será impossível ter sustentabilidade na saúde sem informação adequada e atualizada sobre a qualidade dos serviços prestados, sem gerar inteligência para a alta gestão nos âmbitos público e privado.

A saúde digital tem avançado significativamente, mas ainda enfrenta desafios consideráveis. A transformação digital no setor exige um comprometimento e investimento robustos de todos os stakeholders para garantir uma mudança ampla e coordenada. Entre os principais desafios estão a padronização e a estruturação das informações, a análise de dados em tempo real, a interoperabilidade e a proteção dos dados. Embora esses pontos sejam frequentemente discutidos, a implementação prática ainda está aquém das necessidades atuais.

Recentemente, o país demonstrou progressos significativos ao investir em interoperabilidade de dados, o que não só melhora a qualidade da assistência à saúde, mas também aprimora a governança por meio de uma tomada de decisão orientada por dados. Iniciativas como essa estão impulsionando o setor de saúde a adotar práticas mais avançadas, tanto na gestão pública quanto na privada.

De acordo com o relatório Global Patient Safety Report 2024 da Organização Mundial da Saúde, a tecnologia é fundamental para garantir um fluxo constante de informações, mitigando riscos, reduzindo danos evitáveis e melhorando a segurança no atendimento. A digitalização, a automação e a interoperabilidade são essenciais para esses avanços. No entanto, o relatório destaca que apenas 20% dos países da região das Américas possuem uma estratégia de saúde digital focada na segurança do paciente, e apenas 25% têm sistemas de vigilância para avaliar a segurança dos produtos de tecnologia utilizados na clínica e nos diagnósticos. Esses dados ressaltam a necessidade de integração da transformação digital à governança para alcançar resultados mais eficazes em saúde.

A integração da segurança do paciente e dos programas de melhoria da qualidade deve ser central para o fortalecimento dos sistemas de saúde. Esse alinhamento é crucial na formulação de políticas, planejamento estratégico e operações diárias, garantindo que a segurança e a qualidade sejam componentes fundamentais na prestação de cuidados de saúde.

Uma das trilhas temáticas do III Congresso da SOBRASP, em novembro, vai tratar dessa interseção entre governança eficaz e os avanços na saúde digital. A ementa dos encontros percorre estratégias para a implementação de tecnologias inovadoras, aspectos éticos, indicadores, gestão baseada em evidência. Discutir e compartilhar essas experiências é urgente e necessário. Pelo bem de todo o sistema, pela qualidade do cuidado e da segurança do paciente.

Paola Andreoli
Vice-presidente da Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (SOBRASP) e Gerente de Qualidade, Segurança do Paciente e Desfechos Clínicos no Hospital Alemão Oswaldo Cruz.



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